domingo, 9 de setembro de 2007

RESENHA

A revisão da bibliografia” em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis – o retorno, In: A bússola do escrever – desafios e estratégias na orientação de teses e dissertações. Alda Judith Alves Mazzotti. Florianópolis/São Paulo: Editora da UFSC/Cortez Editora, 2002.


Resenhado por Patrícia Ferreira Bianchini Borges (Pós-graduanda em Estudos
Lingüísticos: “Fundamentos para o Ensino e Pesquisa” pela UFU – MG)


Este artigo de Alda Judith Alves-Mazzotti, professora coordenadora do Mestrado em Educação da Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro, foi publicado pela primeira vez em 1992. Muito adequadamente abre, atualmente, a coletânea apresentada na obra “A bússola do escrever – desafios e estratégias na orientação de teses e dissertações”, de forma criativa e bem humorada pondera sobre o papel da revisão bibliográfica em trabalhos de pesquisa, assunto difícil de se tratar e/ou ensinar. O referido texto, segundo Alves-Mazzotti, analisa o papel da revisão bibliográfica em trabalhos de pesquisa por meio do apontamento das principais deficiências, no que se refere a esse aspecto, observadas em dissertações de mestrado e teses de doutorado. Dividido em cinco partes para facilitar a abordagem do assunto, destina-se não só a mestrandos e doutorandos, como a quaisquer interessados em pesquisas uma vez que trata da revisão bibliográfica em trabalhos destinados a esse fim. Na introdução, a autora aborda a problemática ocasionada pelo fato de a revisão bibliográfica, apesar de importante, ser freqüentemente um dos aspectos mais fracos de teses e dissertações em Educação. Observando que a má qualidade da revisão da literatura compromete todo o estudo, discute as dificuldades enfrentadas por pesquisadores iniciantes no que se refere à revisão da literatura necessária e sugere procedimentos que podem contribuir para a elevação da qualidade desses trabalhos. Tratando da contextualização do problema, considera que a proposição adequada de um problema de pesquisa exige que o pesquisador se situe nesse processo, analisando criticamente o estado atual de sua área de interesse comparando e contrastando abordagens teórico-metodológicas avaliando sua confiabilidade, identificando pontos de consenso e controvérsias a serem esclarecidas e tornando-o, por conseguinte, capaz de problematizar um tema, indicando a contribuição que seu estudo pretende trazer. Posteriormente, afirma ser essencial a análise do referencial teórico para clarificar o racional da pesquisa, uma vez que orienta a definição de categorias e constructos relevantes, dando suporte às relações antecipadas nas hipóteses, constituindo o principal instrumento para a interpretação dos resultados da pesquisa. Após teorizar com competência sobre o tema, desfila, caricaturando, os tipos mais comuns de revisão a serem evitados: o summa, o arqueológico, o patchwork, o suspense, o rococó, o caderno B, o coquetel teórico, o apêndice inútil, o monástico, o cronista social, o colonizado versus xenófobo, o off the records e o ventríloquo. Passando às considerações finais, a autora lamenta o destino de grande parte das teses e dissertações: mofar nas prateleiras das bibliotecas universitárias. Aponta como uma das causas para o acontecido, o fato de faltar qualidade nas revisões bibliográficas dos relatórios que apresentam textos repetitivos, rebuscados, desnecessariamente longos ou vazios. Sempre obediente a um critério bastante racional de exposição do tema, recheando o texto de explicações para melhor elucidá-lo, a autora tece comentários críticos que expõem ao potencial leitor a validade de sua leitura. Fala com proficiência desse assunto, que interessa não só a teóricos, bem como a quaisquer produtores de teses e dissertações, ávidos pela aquisição de conhecimentos acerca desta, que é uma área pouco explorada e de extremo valor para todos os setores de pesquisa científica.

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